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Projetos de Engenharia em BIM: dificuldades e resultados.

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Autor: José Carlos Soares Mariano Júnior - Engenheiro Civil.



A metodologia BIM (Building Information Modeling) vem sendo bastante discutida entre os componentes que compõem a indústria da construção, partindo desde projetistas, fornecedores de materiais de construção até construtores e corretores.


São diversas as vantagens da utilização do BIM, mas a que mais atrai os entusiastas do tema é a possibilidade de modelar um "protótipo" da construção, extraindo seus quantitativos e fazendo a compatibilização das diversas disciplinas envolvidas, podendo ser projetos de instalações elétricas, hidrossanitárias, estruturas, SPDA, incêndio, etc. Foi com esse ponto de vista em mente e uma vontade enorme de aprender as ferramentas BIM que eu comecei a estudar e pôr em prática o que aprendi sobre BIM.


Este artigo foi escrito com intuito de compartilhar a experiência de quando comecei a aplicar os meus conhecimentos sobre BIM e suas ferramentas na elaboração de projetos de engenharia para residências unifamiliares, apontando algumas das dificuldades e resultados encontrados.


Meu primeiro projeto fora do ambiente acadêmico foi de uma residência térrea unifamiliar com a arquitetura entregue em formado dwg, desenvolvido em AutoCAD. Neste projeto fiquei responsável por dimensionar e modelar as instalações elétricas e hidrossanitárias, entregando como produto final pranchas com Planta baixa, detalhamentos, quantitativos de materiais, memoriais descritivos e memoriais de cálculo. O projeto estrutural ficou por conta de meu parceiro de trabalho. O trabalho em equipe e remoto são algumas das características da metodologia BIM.

Primeiramente, fiquei responsável de modelar a arquitetura, ou seja, passar para o Revit tudo aquilo que estava em um projeto bidimensional produzido com a ferramenta AutoCAD. Como eu já tinha criado um Template de arquitetura configurado com meus critérios de detalhe e representação esta modelagem acabou não demandando tanto tempo, sendo concluída depois de 3 horas de trabalho. Poucas dificuldades foram encontradas nessa etapa, porém, cabe destacar que uma dificuldade foi a presença de inconsistências gráficas encontradas no projeto produzido no AutoCAD, onde este possuía algumas informações representadas em planta baixa que não correspondiam ao que estava projetado em cortes, como por exemplo a largura de algumas portas e janelas.

O armazenamento destes arquivos foi feito na nuvem, utilizando o OneDrive. Não houveram problemas em relação a isto, porém nestes casos não é possível o uso simultâneo dos arquivos, ou seja: se o usuário 1 estiver fazendo modificações no modelo de arquitetura ao mesmo tempo que o usuário 2, nenhum tipo de solicitação para alteração de elementos será feita entre os usuários, podendo cada um fazer a modificação que quiser sem que o arquivo seja alterado instantaneamente para os dois usuários. Desta forma, o arquivo final de uma modelagem onde dois ou mais usuários estejam trabalhando ao mesmo tempo será aquele arquivo salvo por último, por qualquer um dos dois usuários.


Com o modelo arquitetônico feito, dei início ao projeto de instalações elétricas. Com o auxílio de cursos EAD e Template específico para projetos de instalações elétricas de baixa tensão e adaptados às normas locais fiz o dimensionamento e modelagem das instalações. A maior dificuldade encontrada foi a operação do Template e sua adaptação às normas locais, que é moderadamente diferente do que é comumente feito na atividade de modelar projetos de arquitetura. Outro ponto negativo foi a demanda de tempo para o detalhamento dos circuitos pois nesses projetos, no Revit, a representação de fase, neutro, terra, retorno, bitolas e diagrama unifilar são inseridos manualmente pelo usuário.





Nesse ponto, ainda não havia sido definida a concepção estrutural definitiva, logo, não foi possível ser feita a compatibilização entre o projeto de instalações elétricas com a estrutura. Com isso, comecei a modelar o projeto hidrossanitário. Assim como o projeto de instalações elétricas utilizei um Template específico de instalações hidrossanitárias e o Plug-in da OFCdesk para dimensionamento das instalações. Este projeto foi o que mais apresentou dificuldades devido à escassez de tutoriais ensinando a como operar o plug-in e o Template. Em um primeiro momento a aplicação de inclinações e curvas em tubulações é uma tarefa bastante burocrática, porém com o uso rotineiro da ferramenta e do BIM, é possível entender o porquê dessa atividade ser tão complexa. Além disso, consultei bastante os conteúdos disponíveis nas comunidades do Facebook relacionadas ao Revit MEP, encontrando até modelos disponibilizados para consulta.


Enquanto desenvolvia o projeto de instalações hidrossanitárias, o projeto estrutural havia sido dimensionado no software Eberick e exportado em formato ifc para poder ser inserido no Revit e Navisworks para compatibilização. Vale ressaltar que nessa etapa eu optei por dar atenção apenas ao projeto de instalações, deixando a compatibilização para depois. Não foi uma decisão muito sábia pois futuramente acarretou em retrabalho. Isso deixou evidente a necessidade de um terceiro parceiro para ficar encarregado apenas dessa tarefa e identificar os Clash Detections e propor soluções. O produto da modelagem das instalações hidrossanitárias foi bastante satisfatória e demonstrou um nível de detalhe excelente.





Com todos os projetos modelados e detalhados, foi feita a compatibilização utilizando o Navisworks, onde foram identificados cerca de 10 incompatibilidades entre projetos de instalações e o projeto de estrutura, além de algumas interferências com as janelas da arquitetura. Com as correções propostas, os projetos foram entregues.


Os projetos elaborados em plataformas BIM possuem um nível de detalhamento bastante satisfatório e sua forma de apresentação é bem mais fácil de ser interpretada por leigos. As informações de quantitativos e posicionamento das peças são precisas e bem explicativas. Vale apontar que a utilização da metodologia BIM (em parte) não implicou em um desenvolvimento de projetos mais rápido pelo motivo de possuir respostas instantâneas com relação à quantitativos, representações, detalhamentos, etc... a riqueza de detalhes acabou fazendo com que os projetistas buscassem muito mais pela perfeição do projeto do que se estivessem utilizando outras metodologias.


Por fim, foi uma experiência bastante engrandecedora e satisfatória, o nível de projeto entregue é tão eficaz quanto os projetos finais utilizando-se a metodologia tradicional.


Espero que esse artigo ajude a todos aqueles que desejam entrar nesse ramo e tenham dúvidas de por onde começar.


José Carlos Soares Mariano Júnior


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